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Editorial
Miro Soares
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EMARANHADOS DE CÉZAR COLA
EMARANHADO
Galeria de Arte Espaço Universitário / UFES, Vitória-ES
Dezembro de 2002
Da confluência de idéias e sujeitos,
se é que se pode dissociar corpo-mente, sujeito-objeto e
matéria-energia, Emaranhado pulsa sutil como uma borboleta
e impulsiona a rebeldia numa tribo multifacetada. Com linhas em
ritmos irreverentes e movimentos que confrontam padrões e
convenções, às vezes sufocantes, um emaranhado
constitui-se num vibrante atrativo para aqueles que têm em
comum uma atitude contra a monotonia da resignação
à ordem como única possibilidade aceitável
para a expressão ou a “felicidade”.
Das grandes massas humanas tornadas desenhos, imagens
congeladas e transpostas para o papel, aos pequenos personagens
do cotidiano riscados no espaço, num emaranhado, contando
histórias, e também congelados chegamos, por fim,
às várias tentativas de múltiplos, em meio
a processos metamórficos, alternando possibilidades de plano
e espaço, onde acaso e auto-organização inspiram,
produzindo sensações em progressões intensas,
perenes e em alguns momentos incontroláveis.
Nessas possibilidades, o vídeo de César
Cola expressa fragmentos de redes de significados tecidas a partir
de desenhos esculpidos, brincadeira de criança tornada expressão
adulta, em um fundo preto num prato branco, estáticos, onde
uma banana é descascada e amassada com um garfo, misturada
com aveia e mel, sendo vista, comida e possuída, alternadamente,
enquanto é tornado desenho pelo artista, em meio a sons urbanos,
sobrepostos em diferentes espaçotempos. São desvelamentos
sutis, indiciários, de padrões de ordem e caos, que
extrapolam os sentidos, se apropriando de materiais invisíveis
como a palavra, o gesto, a discussão, o silêncio, para
compor seu trabalho.
A partir da idéia de que não se dissocia
obra e artista, a expressão do autor é antropofágica,
se consome e se reconstrói num movimento constante, mas também
é canibal, ou ainda, expressões de processos autopoiéticos.
São mortes e ressurreições. São tentativas
de vida. A metamorfose no centro dos opostos estáticos, num
turbilhão de formas e sentidos, comer a própria expressão
é se metamorfosear, em si mesmo, de adulto à criança,
a adulto, de matéria à energia, à matéria,
de expressão à artista, à expressão,
tudo ao mesmo tempo, agora, sínteses que surgem e se esgotam
sempre, sempre efêmeras e em espirais.
Marco Antonio Oliva
paramarcoantonio@bol.com.br
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