|
Apresentação
Kleber
Frizzera
Pequena história do Tempo
de Crítica
William Golino
Crítica dos artistas
Attílio Colnago
Augusto Alvarenga
Bernadette Rubim
Eduardo Cozendey
Emílio Aceti
Irineu Ribeiro
José Cirillo
Joyce Brandão
Júlio Tigre
Lincoln G. Dias
Norton Dantas
Orlando Rosa Farya
|
|
SOBRE TEMPO DE CRÍTICA
A vida nos reserva surpresas e, foi assim que ao
abrir o caderno Tempo de Crítica, me surpreendi, ao ver que
havia ali, textos de treze alunos sobre meu trabalho. Treze é
um número bastante expressivo, diante da quantidade de textos
que integram o caderno e mais expressivo ainda pela diversidade
de idéias e visualidades que eles mostram, pela sincronicidade
que têm com minhas reflexões.
A obra presente na exposição, Kether,
é parte de uma série de pinturas nas quais tento buscar,
através da plasticidade e formalidade, o sentido da leveza,
da suspensão no espaço, do etéreo. É
realmente no céu que estas cenas se desenvolvem, apesar,
também do sentido na visão imediata, de estarmos diante
de algo semelhante a uma pintura rupestre, de atmosfera terrena.
É céu e é terra.
As pinturas da série Fly, decorrem de um
processo iniciado em 1987, e desde então, nessa trajetória,
trabalhei com paisagens sem referência de tempo-espaço
em Totens; símbolos e sinais, arquétipos da história
do homem em Jogos Rúnicos e, em seguida, Objetos mágicos.
Nesse fazer, o trabalho com a espacialidade predomina e as figuras,
com seu aspecto meio difuso dado no tratamento da pintura, complementam
a organização deste espaço, buscando instaurar
uma quase multidimensionalidade.
A articulação da pintura com o verbal,
dada no título Kether, vem apenas configurar meus diálogos
internos durante o processo do fazer. Nos textos de Tempo de Crítica,
principalmente porque apenas um aluno estabeleceu contato comigo,
foi gratificante perceber que as reflexões realizadas sobre
os efeitos de sentido que a pintura provoca, falam mesmo de Kether,
que é a primeira sephirah da árvore da vida, representa
o lugar da criação divina, onde está, conforme
a Cabala, a luz sem limite. Kether indica, no lugar que ocupa na
árvore, as raízes da existência e da vida. As
sephiroth são estados de ser nos caminhos cabalísticos
traçados na árvore e cada caminho simboliza a mudança
que as consciências, como instrumentos de percepção,
necessitam para mudar sua natureza: alçar vôo sempre.
Tempo de Crítica vem preencher uma lacuna
enorme no cenário das artes plásticas em Vitória,
e é louvável a iniciativa de William Golino, que na
verdade, quando oportuniza aos seus alunos a realização
desse trabalho sério e reflexivo, nos presenteia com o nascimento
de uma luz que realmente poderá brilhar no futuro da crítica
de arte no Espírito Santo.
Joyce Brandão
|
|