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Apresentação
Kleber
Frizzera
Pequena história do Tempo
de Crítica
William Golino
Crítica dos artistas
Attílio Colnago
Augusto Alvarenga
Bernadette Rubim
Eduardo Cozendey
Emílio Aceti
Irineu Ribeiro
José Cirillo
Joyce Brandão
Júlio Tigre
Lincoln G. Dias
Norton Dantas
Orlando Rosa Farya
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ARTISTAS-ARQUITETOS
A tarefa de se produzir uma contra-crítica
de uma obra é instigadora, porém, neste caso muito
complexa. A crítica feita pela Kelly Martinelli foi muito
além da mera análise de uma obra. Ela aproveitou características
do que estava analisando para traçar paralelos importantes
com diversos temas que envolvem a produção de uma
obra arquitetônica, desde aspectos históricos, até
questões de criação e concepção
do projeto. Este, aliás, foi o que motivou esta exposição,
e também foi entendido com profundidade pela Kelly.
Ela inicia discorrendo sobre a própria profissão
do arquiteto e da dualidade entre o lado artístico e o lado
tecnológico, inerente a este ofício. Isto me fez lembrar
um texto do Arquiteto Lúcio Costa escrito em 1952:
“Arquitetura é antes de mais nada
construção; mas, construção concebida
com o propósito primordial de ordenar o espaço para
determinada finalidade e visando a determinada intenção.
E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela
igualmente arte plástica, porquanto nos enumeráveis
problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação
do projeto até a conclusão efetiva da obra, há
sempre, para cada caso especifico, certa margem final de opção
entre os limites máximos e mínimos determinados pelo
cálculo, preconizados pela técnica, condicionados
pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo
programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquiteto
(ao artista, portanto) escolher, na escala de valores contidos entre
tais limites extremos, a forma plástica apropriada a cada
pormenor em função da unidade última da obra
idealizada – A intenção plástica que
semelhante escolha subentende é precisamente o que distingue
a arquitetura da simples construção.”
Este texto ilustra o grande desafio desta profissão
e percebe-se que a metodologia de trabalho é o que pode viabilizar
a superação deste. Por isto, escolheu-se para esta
exposição a apresentação de croquis
associados a uma imagem da obra acabada. O objetivo é ilustrar
este processo que, como escreveu a Kelly, consiste em registrar
o pensamento, com toda sua velocidade, em um meio físico.
Isto é o oficio de arquiteto: transformar idéias,
impulsos elétricos vindos do cérebro em algo que possa
ser construído, uma casa, um edifício, uma escola
e coisas concretas com uma escala muitas vezes monumental. Nos trabalhos
expostos, são apresentados os croquis originais que registram
a idéia mãe que resultou no projeto, croquis com alguns
centímetros que representam edifícios de milhares
de metros quadrados.
Quanto à análise feita pela Kelly
do projeto do Crea-CE, é impressionante como, com apenas
uma única imagem, ela pôde entender tantas nuances
do projeto, desde a estrutura utilizada até a preocupação
com as questões ambientais. O trabalho impressiona em vários
aspectos, principalmente pela capacidade quase jornalística
de tratar de tantos assuntos relacionados a um tema, conectando-os
ao longo das sentenças e seguindo uma ordem dinamicamente
estruturada.
Resta ainda elogiar a iniciativa do professor William
ao coordenar esse caderno de críticas de arte e instigar
o debate no meio artístico e universitário.
Augusto Alvarenga
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