Apresentação
William Golino

Críticas
Fernanda Queiroz Polati
Alda Luzia Pessotti

 


 


A casa de Mme. Antonieta
Fernanda Queiroz Polati

Seu olhar melancólico me prende
Há uma sensação de cansaço, um desvelamento no ar
Me olho mas sem querer me ver
Meu reflexo diz o que trago dentro da alma
Na penumbra que se faz presente o íntimo se desvanece
Pois já não há espaço para a inquietação
Há um peso sobre os ombros e a sensação de ter parado o tempo,
O fluir da vida
Suspiro presa em minha concha
E meus olhos e meu corpo, cansados,
Caem pesados sobre as respostas que não possuo
É um tempo sem fim e de solidão
Obscuro como as sombras projetadas nesse salão e que selam essa vida desprovida de pulsação.

 

INTRODUÇÃO

A obra escolhida para análise neste trabalho foi uma pintura de Attilio Colnago intitulada A Casa de Mme Antonieta, que faz parte de uma série de mesmo nome feita no ano de 1996. Ela é uma acrílica sobre tela e mede 120 x 100 cm.

Com a análise dessa obra temos o objetivo de identificar suas características formais, tais como linha, superfície, volume, luminosidade, cor, entre outras; situá-la nos estilos contemporâneos de composição, relacionando-a com as obras do próprio artista e de outros, procurando semelhanças ou diferenças entra elas; identificar os elementos iconográficos, partindo das formas analisadas anteriormente para fazermos uma interpretação iconológica. Também identificar algumas características dos movimentos artísticos ao longo da história da arte que influenciaram o artista em questão e a construção da obra, relacioná-la ao contexto histórico da época em que foi feita e analisar o reflexo (se é que ele existe) deste mundo sobre sua composição ou o da sua pintura sobre o mundo.

Descrição da obra

A Casa de Mme Antonieta é um retrato de uma mulher que se encontra no canto de um ambiente pouco iluminado, sentada numa cadeira, com os braços apoiados sobre uma mesa e com a cabeça encostada nas mãos. Em cima dessa mesa encontra-se um espelho, o qual reflete o rosto da mulher, mas agora com as mãos a escondê-lo. Ao lado da mesa há uma cadeira que possui sobre si um vaso de flores e uma xícara. O chão é quadriculado, há um tapete sob os pés da jovem e atrás um papel de parede decorado com flores. O corte é como o de uma fotografia, com enquadramento bem próximo, como se captasse um momento instantâneo.

Modelos de Composição

Ligando os pontos do calcanhar esquerdo da modelo, seguindo pela perna, joelho e encontrando o queixo, continuando pela boca e nariz, temos uma linha vertical quase imperceptível que divide o quadro.

Essa verticalidade é predominante, estando presente na decoração da parede, no vaso de flores, nos pés da mesa e cadeiras, na perna esquerda e nos antebraços da modelo. No entanto, ela é quebrada em alguns momentos pelas linhas inclinadas do tampo da mesa, do assento da cadeira à esquerda e pelas laterais do tapete, além das linhas horizontais da outra cadeira e também do tapete.

A predominância da verticalidade dá certa imobilidade, mas esta é instável, já que é quebrada pelas linhas diagonais para vir a se estabilizar novamente, proporcionando um equilíbrio à composição.
A linha de encontro do chão com a parede também divide o quadro, horizontalmente, quase que ao meio. Esses eixos centrais fixos favorecem uma estrutura mais simétrica à composição.

Há também neste quadro uma composição triangular na figura humana central, passando pela linha vertical que divide o quadro, voltando pelo olho esquerdo, ombro, tronco e quadril, ligando-se à inclinação do pé esquerdo. Este tipo de composição foi muito usado na Renascença, período pelo qual Attilio Colnago é muito influenciado.

Já a movimentação visual segue uma diagonal descendente, que parte do espelho no canto superior esquerdo, passa pelo cotovelo da jovem e pela barra do vestido, terminando na abertura do canto inferior direito.

Esta continuidade por que passam nossos olhos, promovida pelos contornos dos planos, é interrompida pelas margens do quadro, que funcionam como estabilizadores, contendo a movimentação visual. Mas essa imobilidade provocada é quebrada pela presença de superfícies fechadas, como o contorno da figura central, o espelho e a xícara, que formam elipses que se movem mais facilmente.

De qualquer forma, o que sobressai é a lentidão, e para esse percurso lento do olhar sobre a obra também contribuem as linhas descontínuas, entrecortadas, encontradas no piso e na própria sobreposição de planos, desviando nosso olhar para direções variadas, o que dá um peso maior à composição. Apesar disso, as linhas diagonais e curvas dão certo dinamismo à obra e aí vemos presente o equilíbrio na composição, que permite uma quietude mesmo com a movimentação das linhas.

O contraste da luminosidade divide o quadro numa diagonal contrária à anterior, já que vem de baixo, do lado esquerdo, partindo da cadeira, refletindo sobre a modelo e se dissolvendo no lado direito. Mas as sombras aí representadas estão contrárias à direção da luz que foi descrita. Também podemos perceber que apesar da escuridão que se faz no canto esquerdo superior há um foco de luz no espelho que reflete a imagem da jovem. Este contraste claro/escuro independe do foco de luz e é ele que vemos em toda a composição. Mesmo nos detalhes esses valores claro/escuro (pequenas manchas contrastantes) estão presentes.

Essas duas diagonais descritas se cruzam no ponto de encontro do joelho com a barra do vestido, marcando o centro geométrico do retângulo delimitado pelas margens do quadro. Mas vemos também um centro no encontro das linhas de divisão vertical e horizontal, localizado mais abaixo, onde termina o joelho.

Um tratamento diferenciado à figura é dado pela utilização das cores ditas altas/saturadas, como o verde, amarelo e vermelho, que vibram mais e avançam no espaço, enquanto o fundo é composto por cores baixas, menos vibrantes e que recuam. Estas se desmaterializam, aproximando-se do efeito visual da luz, já que se diluem na penumbra presente.

Podemos perceber também a presença de cores complementares, como o verde e o vermelho e o violeta e o amarelo, que, estando separadas (não se tocando), promovem uma tensão espacial, uma vibração que contribui para o ar de mistério, de sugestão do quadro.

Influências Estéticas

Attilio Colnago nos apresenta nesta obra e no conjunto de seu trabalho um espaço clássico modificado, jogando temas antigos com composições modernas. A exemplo de Giorgio de Chirico (em Mistério e melancolia de uma rua, 1914) e Carlo Carrá (em A Musa Metafísica, 1917), ele joga com a questão da estaticidade clássica e do movimento moderno, como podemos ver na substituição de valores para as linhas verticais. Apesar delas, o que vemos é um efeito (horizontal) de repouso e calma.


Mistério e melancolia de uma rua, Giorgio de Chirico, 1914.

 


A Musa Metafísica, Carlo Carrá, 1917.

No quadro citado de De Chirico a cena, como a de Colnago, parece congelada, apesar do jogo entre linhas inclinadas e verticais e a luminosidade vindo em diagonal, que dão certo dinamismo. Já no quadro de Carrá a figura humana é retratada como estatuária, rígida, mas ao mesmo tempo parece prestes a jogar a bolinha de tênis para nós.

Esse movimento já se faz presente desde o século XVI, como uma nova tendência renascentista do Cinquecento. Nesta época passa-se da verossimilhança, do estilo descritivo ao dramático, a uma “expressão momentânea que brota do fluir dinâmico da vida.” (Wölfflin, A Arte Clássica, p. 254)

A divisão vertical do quadro ao meio caracteriza a divisão composicional clássica. Mas aqui a simetria que caracteriza esse momento da história da arte, como podemos ver n’A Última Ceia (1495-1498) de Leonardo da Vinci, não se faz presente. Nele, a divisão se encontra na figura vertical de Cristo ao centro da mesa, e de cada lado seu estão posicionados seis apóstolos agrupados de três em três. Há também quatro portas de cada lado, uma ao centro, atrás de Cristo, e mais uma de cada lado dele. A movimentação dos apóstolos também é bastante simétrica e o próprio Cristo está posicionado com seus braços estendidos simetricamente.


A Última Ceia, Leonardo da Vinci, 1495-1498.

A Renascença também se faz presente aqui pela divisão horizontal, mas com a diferença de não apresentar uma oposição complementar entre as partes superior e inferior. Esse tipo de divisão é encontrado em O Enterro do Conde de Orgaz, de El Greco, do ano de 1586, no qual as cabeças dos nobres em fila formam uma linha horizontal que divide o quadro em céu (acima) e terra (abaixo), duas cenas opostas e ao mesmo tempo complementares.


O Enterro do Conde de Orgaz, El Greco, 1586.

A junção dessas duas divisões daria a idéia de circularidade que caracteriza o Barroco, mas que mais uma vez não vemos presente neste quadro de Attilio Colnago. Um exemplo desta circularidade é o quadro Martírio de São Mateus, de Caravaggio (1599-1600). Nele a figura central, mais iluminada, divide o quadro, e as figuras ao seu redor possuem um tratamento corporal, uma movimentação (elas formam duas curvas opostas) que em conjunto nos dá a idéia de um círculo que se fecha.


Martírio de São Mateus,
Caravaggio, 1599-1600

A composição triangular descrita anteriormente marca a passagem da arte dita clássica (até o século XVII) para o movimento moderno (século XVIII e XIX). Nesta época, com o Iluminismo, o homem passa a fazer parte do universo e o que temos nesta obra é a figura humana inserida neste espaço.

No quadro de Colnago a distribuição de luz e sombra está a serviço da caracterização (característica cinquecentista), há uma misteriosa penumbra, uma luminosidade que envolve a cena em múltiplas gradações de claro e escuro, proporcionando uma transparência à cena. Com isso ele retrata a visão cósmica do Renascimento, na qual todas as coisas se unem numa fusão de contrastes em novas harmonias.

Esta claridade difusa, juntamente com os ornamentos dos objetos e as subdivisões das linhas e planos, aumenta a densidade da matéria, apresentando assim a visão de materialidade que começa no Renascimento.

Para compensar essa materialidade dada aos objetos, Colnago tira os elementos da margem inferior, mais pesada, e passa-os para a parte superior do quadro, que possui maior leveza. Assim, temos um equilíbrio entre as partes, o que não deixa a obra ficar pesada e densa demais, como no caso d’O Biombo Mouro, tela de Matisse de 1921, na qual a profusão de espaços decorados é cansativa para o nosso olhar.


O Biombo Mouro
Henri Matisse, 1921.

A abertura do canto inferior direito é que dá a sustentação para essa leveza da obra, já que naturalmente está implícito na estrutura do retângulo um peso, um potencial de atração muito grande.

Sendo assim, percebemos que ao lado da materialidade o mundo espiritual se faz presente nesta obra de Colnago, mostrando um mundo de profundidade física, um espaço tátil e sensorial, mas imbuído de sentimentos místicos.

Essa desmaterialização é vista em outras obras suas, como na sua Anunciação, de 1997, e também nas madonas (1995), que têm os dedos tão longos e finos que parecem muito frágeis, quase imateriais, características das madonas góticas.


Anunciação, Attílio Colnago, 1997.

 


Madona, Attílio Colnago, 1995.

O panejamento trabalhado, a decoração e os móveis antigos, assim como a perspectiva diferente da xícara sobre a cadeira, são também elementos clássicos que se fazem presentes numa composição moderna.

Técnica Moderna

Sabiamente, Attilio Colnago faz surgir brechas no espaço saturado por meio de um vazio luminoso que dilui o desenho, deixando surgir lacunas que contribuem para a atmosfera misteriosa que caracteriza suas obras.

É isso que dá a vibração da obra, onde o claro avança e se expande e o escuro recua e se contrai, além da predominância de cores quentes, mais próximas do vermelho e amarelo que do azul.

Essas cores quentes e vibrantes já são também elementos modernos, que substituem a atmosfera pesada das cores escuras usadas nos retratos clássicos e dão um ar de sensualidade.

Attilio Colnago vê com olhos atuais as formas do corpo humano, trazendo-nos um novo contexto com distorções e rotações dessas formas, já trabalhadas dessa maneira, mas agora atualizadas, revitalizadas. Ele “... mostra que original não é o que inventa ou apresenta pela primeira vez, mas aquele que revê, reinventa, reelabora e redescobre os assuntos e procedimentos do passado, conferindo um novo significado também à memória” (Almerinda da Silva Lopes em As formas da Imaginação: síntese ou totalidade?, 1990).

Tendo um apurado conhecimento técnico das formas bem definidas do corpo humano, ele brinca com elas, mas sem abandonar seu interesse pela definição.

Um exemplo disso é o quadro Menino de Colete Vermelho (1894-5), de Cézanne, no qual o braço direito alongado responde a uma necessidade de equilíbrio pictórico.


Menino do Colete Vermelho, Cèzanne, 1894-5.

Mesmo havendo nessa obra uma mistura de padrões de composição, ela não cai numa desordenação, com os objetos espalhados por todo lado e sem uma interação visual definida. Ao contrário, presenciamos uma harmonia na sua totalidade.

Contribui para essa harmonia o deslocamento do centro, caracterizando um centro perceptivo que dá equilíbrio à obra num sentido de peso. Ele serve como um apoio visual que segura os objetos em cima para que eles não “caiam”. Isso, juntamente com a verticalidade presente, dá a idéia de incorporeidade, de elevação e transcendência, que caracteriza o estilo gótico, bastante referenciado por Colnago.

Vemos também em toda a produção de Attilio Colnago, como na obra analisada, uma tendência à representação figurativa que incomoda, com formas distorcidas e uma narrativa desconcertante, características que vêm como influência surrealista, corrente que discute a realidade, a criação da realidade. A exemplo disso voltamos à tela de Carlo Carrá. Não só nela, mas em quase toda a produção de Giorgio de Chirico há uma construção, no sentido arquitetônico da palavra, da figura humana. Esta assume, como em Mme Antonieta, um ar de mistério e nos traz a questão de que o ser humano, hoje, está sendo robotizado pela modelação do corpo. Será este o ser humano real? Será que podemos inventá-lo e tomá-lo como real?

Todas as formas, motivos e imagens presentes na obra são valores simbólicos que ajudam a compreendê-la como registro da personalidade do artista, de uma atitude particular ou do mundo a sua volta. É a idéia da obra, a mensagem a ser passada, a sua função que é revelada através de suas características composicionais e iconográficas, como algo que está além da representação formal.

Começamos pela imagem representada em destaque: a de uma mulher sentada. Esse tema feminino, marca da produção de Attilio Colnago, é representado como fonte de prazer, mas ao mesmo tempo com um quê de recato. São mulheres comportadas, mas que apresentam um olhar vago, voluptuoso, misturando, confundindo o sagrado e o profano, como ele faz em quase toda a série de 2005 para a exposição Confidências para uma terceira pessoa. Nesta série há o tempo todo um jogo entre prostitutas e mulheres de época vestidas como freiras, como também a comparação do próprio artista com Cristo (na obra intitulada Anunciação, na qual aparecem os pés de Cristo como complemento do auto-retrato do artista) e com São Sebastião (na obra Sebastiane, na qual uma flecha do martírio atinge o coração do artista).

O tratamento dado a essas mulheres, apesar de possuir influência das artes clássicas (Renascimento e Barroco), é contemporâneo, na medida em que a figura humana significa algo ao ser deformada, torcida, aumentada ou diminuída.

Há também uma interpretação metafísica da estrutura do corpo através da proporção, presente não só nela, mas em toda a composição. Isso reflete a correspondência divina entre o homem e o universo, marcando mais uma vez a influência do clássico em Colnago, até por causa de sua ascendência italiana. A simetria, na Idade Média, era considerada o princípio da perfeição estética e as proporções do corpo uma realização visual da harmonia musical, na Renascença.

O amarelo, que predomina no quadro e, principalmente, na pele da mulher, é uma cor quente e expansiva, associada aos raios do sol, cegante, intenso e que representa o poder das divindades. Apesar dessa característica luminosa, celeste, a figura apresenta uma carnalidade enorme, um peso, marcando a contraposição entre o divino e o humano, o céu e a terra. Isso também é visto na relação entre a pele amarelada e a aproximação da morte. Esta cor representa o amadurecimento da plantação e anuncia a chegada do outono, ou seja, do declínio, da velhice e da morte, o que se contrapõe à juventude de madame Antonieta, podendo então se referir ao seu estado de espírito. Além disso, a cor amarela é masculina, representa luz e vida, juventude, vigor, eternidade, o que também se contrapõe à falta de vida na mulher, ao seu esmaecimento.

Há uma falta de vibração na mulher, mas não no quadro inteiro. Este, como já foi dito na análise formal, apresenta uma forte vibração devido à variedade de linhas e cores complementares.

Considerando o homem como sendo o meio entre a terra e o céu, temos a correspondência disso no verde do vestido da jovem, que possui um valor médio entre o quente e o frio (nas cores), entre o alto e o baixo.

O verde é uma cor tranqüilizadora, humana, que representa a esperança, já que a terra se reveste de verde após seu período de desnude. Esse é o caso de madame Antonieta, que se vê desprovida de vida, mas que após esse período desolador pode restabelecer sua alegria de viver. Ou seja, o verde é o despertar da vida, a cor da força e longevidade, mas também da acidez, da imortalidade (vegetação que se renova a cada ano). Enfim, ela é portadora de morte e de vida, como a jovem representada, e simboliza um conhecimento oculto das coisas. Por ter essa característica ambivalente é uma cor neutra, calma, sem alegria ou tristeza, sem paixão. Ela representa o mundo imóvel, satisfeito, que mede seus esforços. A jovem parece completamente sem forças e não quer tê-las, está indiferente, o que é confirmado pelo tom claro do verde do seu vestido.

Em contraposição ao verde (cor da água), temos no sapato um vermelho intenso (cor do fogo), duas cores complementares e que ligam a essência (fogo) e a existência (água) do homem. Do vermelho se desencadeia a vida (surgimento do fogo) e ela desabrocha no verde (das matas). Esse desabrochar, esse surgimento de uma vida é reforçado pelas flores presentes no quadro e pode estar relacionado com a morte, para a partir dela surgir um outro ser, renovado, purificado. É como se madame Antonieta estivesse prestes a viver esta passagem.

Essas duas cores também representam a complementaridade dos sexos, sendo o vermelho a cor masculina, impulsiva, e o verde a cor feminina, reflexiva. Isso estabelece na obra um equilíbrio entre os opostos e também entre o homem e a natureza, já que o verde representa a volta ao útero, ao seio materno, ou seja, à mãe terra. É a oposição constante entre o mundo masculino, científico, racional, autoritário, objetivo, e o mundo feminino, sentimental, sensível, emocional e intuitivo.

O vermelho, além de ser a cor do fogo, símbolo do princípio da vida, por sua força e brilho é também a cor do sangue. Sangue que corre mais forte quando nos inquietamos, nos seduzimos. É ele que incita à ação, é a imagem do ardor, da força impulsiva, de juventude e saúde. Tudo o que a mulher não possui em sua atitude.

Além disso, os sábios e os clérigos usam a cor vermelha em suas roupas, sendo ela a cor da ciência secreta, da alma. Por isso ela tem um aspecto ambivalente, explorado nesta pintura, de estar relacionada com o sagrado e o profano ao mesmo tempo, com o encorajamento e o alerta, com morte e vida. Situações as quais Mme Antonieta parece estar vivenciando.

As flores presentes nessa pintura nos deixam a mensagem de vida, de algo que vai crescer, de juventude. Apesar de esta última estar presente na figura feminina, as duas anteriores não estão evidentes, mas ocultas por trás da expressão desconsolada dela. A flor, além de representar a mulher, é símbolo do princípio passivo, é a imagem das virtudes da alma, sendo o ramalhete a perfeição espiritual, coisas as quais madame Antonieta parece estar prestes a alcançar. Ela é símbolo do amor e da harmonia que caracterizam a natureza primordial, identificando-se com a infância, como símbolo de instabilidade, de essência, também representando as almas dos mortos. Ela defende o transitório e o impermanente, características da evolução da sociedade, do papel da mulher e mesmo dos sentimentos.

O vaso contendo as flores é um reservatório da vida, funciona como o seio materno, no qual se forma um nascimento, acontece uma metamorfose. Também é o vaso que contém o tesouro, o mistério da vida, o Graal. É como se houvesse uma correspondência entre o vaso de flores e madame Antonieta, os dois contendo as mesmas características.

O espelho aí presente reflete uma imagem não correspondente à posição real da personagem, revelando a verdade, o conteúdo do coração e da consciência. Ele é um instrumento da iluminação, símbolo da sabedoria e do conhecimento, por isso se identifica com o sol. Mas também com a lua, que reflete, como um espelho, a luz do sol, e então com a mulher que é simbolizada pela lua.

Apesar de proporcionar um conhecimento verdadeiro, o espelho nos dá certa ilusão, já que esse conhecimento é indireto, um conhecimento lunar. Ele nos dá uma imagem invertida da realidade, uma imagem corrigida, o que o torna símbolo das coisas vistas de acordo com sua realidade essencial. Também pode se referir aqui à arte, que não é exatamente uma representação da realidade, mas uma alusão a ela, produzindo uma certa ilusão da mesma.

O espelho redondo tem uma característica celeste, de pureza da alma e, portanto, inspira o terror do conhecimento de si. Essa atmosfera, como se existisse um fantasma de si mesmo que não se conhece bem rondando o ambiente, se reflete na duplicidade, no jogo especular apresentado, não só aqui como na maior parte das obras de Colnago. Também podemos encontrar o espelho redondo em obras como Lição de Pintura e A Leitora Desatenta, ambas de 1919, de Henri Matisse.


Lição de Pintura,
Henri Matisse, 1919.

 


A Musa Metafísica, Carlo Carrá, 1917.

Ó espelho!
Água fria pelo tédio em teu quadro gelada
Quantas vezes e durante horas desolada
Dos sonhos, e buscando minhas lembranças que são
Como folhas sobre teu vidro de poço profundo
Apareci-me em ti como uma sombra longínqua
Mas, horror! Certas noites, em tua severa fonte
Conhecia nudez do meu sonhar disperso!
(Mallarmé)

De acordo com Jung, o feminino, dentre outras coisas, é a personificação das relações com o inconsciente. No paganismo são as sacerdotisas, ou seja, as mulheres que se comunicam com os deuses. Além disso, são possuidoras de uma beleza e sedução divinas.

Essa mistura de pureza religiosa com luxúria e prazer está presente nessas obras de Matisse, fazendo uma correspondência com A Casa de Mme Antonieta.

De acordo com Nicolau Berdiaeff (CHEVALIER, GHEERBRANT, 1991, p.421), a mulher “está mais ligada do que o homem à alma do mundo, às primeiras forças elementares” e é através dela que “o homem comunga com essas forças”.

Por isso é a mulher quem guia o homem para uma transcendência, o que explica, em parte, o papel secundário do homem nas obras de Colnago.

Em todo o quadro percebemos essa característica transcendental, mística, que dá uma atmosfera religiosa à obra.

Essa passagem para o Alto é caracterizada também pela disposição vertical dos elementos no quadro. Esta verticalidade é o símbolo da ascensão e do progresso, representando também o estado definido da tomada de consciência, que é dada pela revelação da imagem no espelho.

A verticalidade também representa a evolução do animal homem, que se pôs de pé e se diferenciou do resto das espécies. Mas, em contraposição a isso, a mulher representada está curvada, e só algumas partes de seu corpo é que estão na vertical, como a perna e os antebraços.

A arte nos oferece modelos estéticos em cada época e lugar e é através deles que uma dada sociedade se manifesta. Seu conhecimento humano e científico é passado, de certa forma, através dessas imagens simbólicas, pois é por meio de formas de expressão visuais, e não letradas, que essas informações nos atingem mais profundamente. O impacto de uma imagem é maior do que o das palavras e é fonte de informação mais verdadeira, pois tem um caráter espontâneo e inconsciente.

A arte, então, tem o poder de discutir a realidade e através disso nos proporcionar uma melhor compreensão dela.

“...a arte possibilita revelações sobre a realidade social às quais
a ciência não poderia chegar sozinha.”
(Costa, p.35 )
Citação de Arnold Hauser

Sendo a expressão de movimentos históricos e de mudanças sociais, a obra analisada retrata as transformações e ações da mulher na nossa sociedade atual.

Qual é o motivo de Attilio Colnago retratar principalmente a mulher e colocar o homem em papel secundário e coadjuvante dela? Quereria ele mostrar a emancipação desta em relação àquele?

Durante toda a história da arte o discurso nas obras era majoritariamente masculino. A mulher foi ganhando espaço aos poucos e nos anos 70 e 80 passou a ser um dos temas mais freqüentes no estudo da humanidade.

O retrato dessa emancipação nos é mostrado pelo jogo freqüente de oposições de características femininas e masculinas, estando as últimas sempre como pano de fundo para as primeiras, como, por exemplo, na presença da cor vermelha, masculina, no sapato de madame Antonieta. Isso nos poderia dizer que o homem é a sustentação da mulher, mas que ali perdeu toda a sua função, já que ela está sentada e deixa cair todo o seu peso, sendo o homem não mais capaz de segurá-la.

Essa emancipação é mostrada na força e caráter que vemos em Mulher na cadeira Vermelha, de Henri Matisse, de 1936.


Mulher na cadeira Vermelha, Henri Matisse, 1936.

Mas exatamente por esse desmantelamento da figura, que nos passa o sentimento de tristeza e cansaço, é que nos perguntamos se a mulher está feliz com a sua condição atual, se depois de tanta luta e conquista, ela se sente realizada.

O espelho nesta obra vem nos mostrar o descontentamento através da revelação de identidades e oposições. Na imagem refletida a mulher tampa os olhos com as mãos numa atitude de não querer ver quem é, aquilo que se tornou, seus sentimentos, dúvidas e anseios.

O espelho, ou seja, seu estado interior, significa para ela sofrimento e desapontamento, devido ao estado em que se encontra sua alma.

É como se ela não tivesse mais vontade própria e estivesse relegada a acompanhar o mundo para onde ele a leve. Se sente uma inválida, como é no quadro O Inválido (1899), de Matisse. Nele, além da impotência diante do mundo, vemos também um ambiente agitado, fragmentado, que pode ser rearranjado a qualquer hora.


O Inválido, Henri Matisse, 1899.

Esse é o mundo capitalista, consumista, no qual a mulher virou um produto a ser comercializado, como uma volta ao seu passado não muito distante, onde era dada em casamento por dinheiro, e suas qualidades e habilidades, como cozinhar, cuidar da casa, ser obediente, serviam como marketing. Agora acontece a mesma venda da mulher, do corpo da mulher, e neste quadro de Colnago vemos presente esse uso do corpo, mesmo que apenas sugerido na atmosfera, no requinte do ambiente e na própria jovem. Esse ambiente de prazer é mais acentuado no quadro de Di Cavalcante, Cena de Café Concerto (1934), onde ele deixa bem claro o papel da mulher na sociedade atual.


Cena de Café Concerto,
Di Cavalcante, 1934.

É como se a mulher tivesse virado um robô, com todas as partes do corpo artificiais, idéia que nos remete à obra de Carlo Carrá já comparada com a de Colnago: A Musa Metafísica.

Essa característica de mulher artificial é vista também em Anunciação e Natureza Morta, ambas de 2005, da exposição Confidências para uma terceira pessoa, de autoria de Attilio Colnago.

A mulher de A Casa de Mme Antonieta está identificada com uma imagem interior e afetiva, valorizando a fantasia e o sonho em detrimento do racionalismo do mundo, da realidade fria e objetiva. É uma mulher simples, mas plena de sentimento e secreto prazer, estando entre a romântica idealista barroca e a severa e rígida neoclássica, representando, ao invés da dignidade da matriarca em suas funções dentro da família, a solidão doméstica e a fadiga espiritual.

Essa característica é acentuada pelo interior sombrio e silencioso, como um ambiente íntimo e religioso. A pouca claridade não tem força suficiente para alegrar o ambiente e a expressão desconsolada de madame Antonieta.

Essa expressão desconsolada é vista a partir do século XIX, durante o qual começa a revolução tecnológica e científica que vivemos hoje, como também o sistema capitalista. Nesse ambiente, o que é sentido pelas pessoas é um abandono, uma indiferença em relação à essência do ser humano, o que provoca essa atmosfera de crise psicológica vista em obras como Madame Cézanne no Jardim, (1872-82); Retrato de Madame Cézanne de Azul, (1885-7), ambas de Paul Cézanne; e A Leitora Desatenta (1919) de Henri Matisse. Mas também há características assim em retratos masculinos, como Retrato do Dr. Gachet, (1890), de Vincent Van Gogh, que reflete “a triste expressão de nossos tempos” (HARRIS, p. 40).


Madame Cézanne no Jardim,
Paul Cézanne, 1872-82.

 


Retrato de Madame Cézanne de Azul,
Paul Cézanne, 1885-7.

 


Retrato do Dr. Gachet,
Vicent Van Gogh, 1890.

O espelho aqui, como símbolo da ilusão, mostrando uma realidade mitológica, é quem na verdade lhe revela a realidade pura, como possibilidade de autoconsciência em face da alienação neste mundo. É a possibilidade de equilíbrio entre corpo e espírito, proposta renascentista, que valoriza a condição terrena do homem, mas ao mesmo tempo reserva a ele uma posição central no universo.

“A imagem assim criada surge como duplo, como fantasmagoria(...). É a imagem do que não existe, a imagem de outra imagem. Como tal, sua virtual capacidade de manuseio e manipulação é ilimitada (...) eliminando a possibilidade de surgimento de um significado novo e acentuando a presença do mesmo (...) ainda que muitas vezes refeito. Nesse jogo de espelhos, o horizonte entrevisto é a conformidade.” (PELLEGRINI, 1995, p.79)

Sendo assim, madame Antonieta, enquanto imagem, pode ser rearranjada eternamente de acordo com os interesses de outrem.

Na verdade, o espelho mostra a duplicidade ou pluralidade existente tanto no mundo como no ser humano. Pluralidade também de mulheres, que agora são representadas através de sua frivolidade, de seu ar mundano, e não demonstrando sua imponência e majestade, como nas madonas barrocas e nos retratos do século XIX, que representavam seriedade e autoridade.

Nesse meio de oposições, duplicidades, contrastes, o que a obra nos mostra afinal é que não estamos dissociados uns dos outros, homem e mulher se complementam, assim como corpo e alma, razão e sentimento. Um só existe em razão do outro e na sociedade atual não existem mais essas parcerias. Estamos nos afastando cada vez mais de nossa natureza a ponto de não termos nem mais identidade, todos passamos a ter o mesmo rosto.

Essa massificação nos faz perder o elo de ligação com o mundo e ficamos dependentes de uma mediação para nos relacionarmos com a realidade.

O que é retratado neste quadro de Colnago é ao mesmo tempo a individualidade burguesa no sistema capitalista, onde o coletivo já não existe mais, e a desvalorização da experiência individual, sem vínculos com a natureza universal. É o ser humano visto “sem identidade individual, deslocado das relações sociais e sem lugar particular”.

“Não existe mais (...) um universo íntimo, (...) um espaço/tempo privado (...) na medida em que, com TV, computadores e vídeo games, (...) cada pessoa vê a si mesma (...) isolada numa posição de perfeita soberania, que eleva o mundo doméstico a uma espécie de metáfora absoluta do espaço. Todo o universo parece desdobrar-se aleatoriamente na tela doméstica, fazendo com que desapareça um cenário antes preservado pela separação entre público e privado, numa espécie de obscenidade em que os mais íntimos processos da vida individual tornam-se campo fértil para a mídia”. (PELLEGRINI, 1995, p. 79-80)

Apesar do ambiente celeste e do direcionamento para o divino, parece que madame Antonieta não é digna, ou não se sente digna de fazer parte desse mundo superior. Sua fragilidade e expressão sofrida a aproximam mais do humano. Uma atitude neoclássica de humanização de personagens religiosas, o que será levado em consideração se compararmos Madame Antonieta com a Virgem Maria, que é lembrada por suas funções de mãe, esposa, ou seja, papéis comuns a todas as mulheres.

Madame Antonieta parece estar à espera de que algo aconteça, a tire desse estado melancólico e a leve para uma vida superior. Ela se encontra em um eterno estar, no qual não existe passado, presente ou futuro; não existe tempo.

É também como a espera da dona de casa pelo seu marido no fim do dia ou a espera de mulheres anônimas como em Três Horas/ Diferentes Pessoas/ Em Santos/ Fora de Casa, do brasileiro Carlos Fajardo. Como Antonieta, os rostos dessas mulheres mergulham em sombras irremediáveis.


Três Horas/ Diferentes Pessoas/ Em Santos/ Fora de Casa, Carlos Fajardo.

 

O ARTISTA:

Attilio Colnago é capixaba de São Domingos, município ao norte do Espírito Santo, onde concluiu os estudos do ensino fundamental. No colégio Marista, em Colatina, cursou o ensino médio. É graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1977) e nessa instituição desde 1978 é professor de Desenho, Materiais e Técnicas de Pintura e Restauração. Nessas áreas das artes plásticas tem produzido desenhos, pinturas e objetos, ora de forma isolada, ora intercambiando essas técnicas nos mais diversos objetos de arte.

Ao lado de suas atividades como docente e pesquisador, ele coordena o Núcleo de Conservação e Restauração do Centro de Artes da UFES, e também foi coordenador das atividades da Galeria de Arte e Pesquisa dessa unidade de ensino. É especialista em Conservação e Restauração de Bens Cultuais Móveis, Pintura em Cavalete e Escultura Policromada sobre Madeira pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.

A sua trajetória como artista plástico tem sido a mais profícua possível. No início de sua carreira dedicou-se mais ao desenho com grafite, nanquim e aquarela. Após diversos cursos e pesquisas em festivais de arte, oficinas e atividades como docente e pesquisador, ele assume publicamente o seu lado de pintor.

A partir de 1984 passa a pintar séries temáticas centradas na figura humana, sem abandonar outras formas de representação, porém sempre incorporadas aos temas-objeto de estudo e pesquisa. Nesse período começa a fazer uso de têmpera a ovo, vinílica e acrílica.

A figura humana feminina é a sua forma de representação preferida. Como tema, ela apareceu pela primeira vez em 1984, na série de pinturas sobre os Orixás.

A sua incursão pelos temas sacros tem início em 1985, com estudos sobre Madonas. O tema Sebastianus foi o primeiro de figuração masculina que ele produziu e coincidiu com o início de suas atividades como restaurador de imagens de esculturas sacras e telas de pinturas, após retornar dos seus estudos em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Nesses vinte e um anos, de 1984 a 2005, Attilio Colnago tem produzido, no mínimo, uma série temática a cada ano, fora a sua participação em exposições coletivas. Suas obras, além do Espírito Santo, já percorreram exposições em Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Bélgica. Para este país foi levada a série dos Orixás.

Nessas exposições, a figura humana feminina tem sido representada, por meio de suas pinturas, desenhos e objetos, nos mais diversos papéis que a mulher desempenha na sociedade e que são de domínio público. Isso não exclui a figura humana masculina que, às vezes, é também representada, em situações de coadjuvante do papel feminino, ou como essencial ao tema pesquisado, como pode ser visto em Cenas de um Casamento (1984). Os papéis femininos são tratados pelo artista como estereótipos sociais, muitas vezes com sentido irônico, para não dizer cínico. Suas mulheres são mães, filhas, esposas, irmãs, namoradas, amigas, amantes, rainhas, princesas, artistas, matriarcas, escritoras. Ora santas, damas, donzelas, ora mundanas; ora amadas, confidentes, ora traídas, desdenhadas, ora indiferentes, mas sempre no centro das atenções e expondo o seu lado sedutor e, por que não dizer, misterioso.

Todas essas características marcam a série de 1996: A Casa de Mme Antonieta. Nela, a jovem representada assume esses papéis quase que simultaneamente, sugerindo então uma mistura de carnalidade e espiritualidade excepcional.

No primeiro semestre deste ano (2005), Attilio Colnago retorna ao desenho e às figurações masculinas, sem deixar de lado o elemento feminino, ambos presentes na série temática Confidências para uma terceira pessoa. A figura masculina aparece em três tempos, em representações de auto-retratos de sua infância, juventude e maturidade, que, associadas a representações de recortes de figuras masculinas de artistas renascentistas, são desenhadas sobre “suporte rígido de MDF e uma urdidura composta de gesso sotille e óxido de zinco” (Arantes, 2005, p.14) por onde deslizam pontas de prata, de latão e de cobre. As figuras masculinas renascentistas retornam para uma representação onde unem-se dor, sedução e prazer, retiradas de obras como São Sebastião (1454) de Andréa Mantegna (1431-1506), Martírio de São Sebastião (1516) de Hans Holbein, O Velho (1465-1524), Cristo Morto de Hans Holbein, O Moço (1497-1543) e Adão e Eva (1528) de Lucas Cranach, O Velho (1472-1533). É o diálogo da técnica do desenho e dos materiais renascentistas, do MDF, substituto da madeira que o desenvolvimento consumiu e reproduziu, concretizado em um tema que recupera figuras e estilos de períodos da história da arte como o Renascimento e percorre influências de artistas modernos e contemporâneos, no caso o brasileiro Farnese de Andrade. Dele, Colnago utiliza os bonecos, representando-os em pinturas com ambientes reais e assim causando um estranhamento ao olhar.

 

Revisão de Maria Inês Dieuzeide

 

Referências bibliográficas

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